Banheiro
Sentado, pensativo, sofrido, aliviado, faminto (de novo).
Meu banheiro me ensinou muito mais sobre a vida do que qualquer livro, do que qualquer conversa de boteco, do que qualquer guru new-age (a sempre new), do que qualquer acadêmico ranzinza, meu banheiro me mostrou a ordem dos interesses da vida, usurpa-se aquilo que lhe convém, abusa-lhe, e se puxa a cordinha da descarga.
Sentado na privada (ou em qualquer outro apoio) me ponho pensativo na merda que estou fazendo, nas que já fiz ou nas que ainda irei fazer, me sinto pressionado, perturbado, incomodado, constipado, putrificado, até que a grande rajada surge num fluxo orgânico-mental. AAAAAAAAHHHHHH nada me alivia mais que a dúvida (e uma boa cagada) a incerteza é uma via de mão-dupla, uma mãe amorosa e um pai cruel, por um lado te alivia por outro te desequilibra. Minha alma é como a caixa de descarga em seu eterno fluxo de inconstâncias, ora cheio, ora vazio, ora calmo, ora perturbado, a cordinha que se desprende da caixa baila com o vento, é um simples impulso capaz de varrer toda estrutura, um mini-tsunami numa privada, o maior de todos os tsunamis em minha cabeça, não há necessidade de estar sempre preenchido.
Em meu templo higiênico-divino (sim, eu disse divino) os maiores demônios que já pisaram a terra rondam meus pensamentos, nesses míseros metros quadrados penso na divindade do ato de cagar, sim, divindade do ato de cagar, se sou imagem e semelhança de deus, logo deus deve ter uns míseros metros quadrados onde senta e