Bandeirantismo apresador
Bandeirantismo como tema é tradicionalmente envolvido com as perspectivas de uma historiografia redutiva que nos traz espectros de um passado épico, cadenciado por uma narrativa desbravadora compartilhada pelos colonos norte-americanos, de uma aventura civilizadora e glorificada pelos feitos. Entretanto, apesar desta versão mitológica continuar no imaginário de um grande número de brasileiros, a historiografia brasileira contemporânea não mais corrobora com esta construção heróica feita em torno dos bandeirantes. Baseando-se no texto de Carlos Davidoff, procura-se aqui fazer uma crítica ao conceito clássico de bandeirantes e entradas.
O bandeirantismo em si surgiu como uma solução para a pobreza paulista. São Paulo não seguia o padrão idealizado para a formação de uma colônia. Tendo uma agricultura limitada pelo solo, pouco favorável ao modelo de monocultura canavieira adotada no nordeste, os colonos irão voltar a sua agricultura em grande parte para a subsistência, e irão ter a marmelada como principal produto de exportação. A vida urbana também será limitada, com poucas moedas em circulação, comércio fraco, com poucos contatos fora da capitania e extremamente dependente da área rural que, como fora supracitado, era auto-suficiente em grande parte. Em suma, São Paulo apresentava-se como uma região marginalizada, de escassos recursos e economia restrita e é deste meio que se engendra a figura do bandeirante.
As ações dos bandeirantes irão se orientar no sentido de procurar ao máximo proveito das brechas que a economia colonial oferecia. Originalmente sendo milícias voltadas para defesa contra estrangeiros ou submissão dos indígenas, as bandeiras iriam então à busca do apresamento e tráfico de indios e riquezas fantástica. Importante fazer um adendo relativo às bandeiras e entradas: apesar de uma corrente historiográfica entender que se denomina de entradas as expedições oficiais e de bandeiras as particulares, outra