bairro malagueira
Em Portugal, como na maioria dos países europeus, a casa individual beneficia da preferência da maioria dos habitantes. A antiga questão das problemáticas relacionadas com o habitat torna-se mais complexa no âmbito da oposição entre os seus tipos (habitat individual ou colectivo), os estatutos residenciais (arrendatário ou proprietário) e a localização urbana (no centro da cidade ou na periferia). Por exemplo, habitar uma casa (habitat individual) pressupõe frequentemente uma localização periférica e um estatuto de proprietário, enquanto que o habitat colectivo existe tanto nos centros das cidades como nas periferias, usualmente em regime de arrendamento ou co-propriedade. Sabe-se, efectivamente, que o que leva a maioria das pessoas a habitar nas periferias é o elevado preço da habitação nos centros históricos. Não se deve, porém, subestimar a "fuga da cidade" por parte dos habitantes das classes médias dotados de meios económicos suficientes para poderem escolher o tipo, estatuto e local de residência. Além disso, em Portugal tal como noutros países da Europa do Sul, prolifera a casa individual auto-construída e "clandestina", revelando a incapacidade das instituições e do mercado legal em responder a esta procura (Guerra, Fonseca Ferreira, 1990).
A forte difusão e a popularidade da extensão do habitat individual retira credibilidade a esta tipologia de alojamento segundo a opinião de alguns especialistas, a começar pelos urbanistas, que condenam a ocupação de solos agrícolas, paisagem, infra-estruturas e aumentando dos tempos de transporte provocados por esta forma de desenvolvimento insustentável. Mas a condenação não é menor por parte dos sociólogos, que, como Pierre Bourdieu, consideram que a pequena-burguesia "conspira sobre a sua própria desgraça" endividando-se em projectos demasiado ambiciosos para as suas posses (Bourdieu 2000: 223).
A casa é aceite pelos profissionais do planeamento e arquitectura