São muitas as mentiras veiculadas ao bafômetro, que circulam no senso comum da população. Uma delas é o uso do vinagre para enganar o aparelho. Antes de entrar nos méritos da questão, é preciso entender o funcionamento químico do bafômetro. A pessoa supostamente alcoolizada sopra o bocal do aparelho e então uma reação química ocorre: Cr2O72- + H+ + 3CH3CH2OH -----> 2Cr3+ + 3CH3COH + 7H2O. Essa reação entra em equilíbrio químico. O Cr2O72- tem cor laranja, enquanto que o Cr3+ tem cor verde. Quanto maior a concentração de álcool no sangue da pessoa, mais etanol é soprado para o aparelho deslocando o equilíbrio químico no sentido de produzir 2Cr3+ + 3CH3COH + 7H2O. Assim mais Cr3+ é produzido e mais intenso fica a cor verde. Esse é o funcionamento de um bafômetro comum, existem outros tipos, mas o funcionamento é semelhante: estabelece-se um equilíbrio químico que é deslocado em função da concentração de etanol. Quando é informado que o vinagre pode enganar o bafômetro, pode ser uma informação correta, pois existem bafômetros que utilizam a reação em meio básico, assim o ácido acético do vinagre iria reagir com o OH-, deslocando o equilíbrio no sentido inverso. Porém o tipo de bafômetro mais usado é aquele em que a reação ocorre em meio ácido, e o vinagre iria ter o efeito contrário. Não há nada de “queima de gordura” quando se ingere álcool, nem de cetona produzida. O etanol é oxidado a aldeído e depois a ácido carboxílico, pois se trata de um álcool primário, nunca chega a ser cetona. Logo toda informação sobre cetato e cetona não procede. Fica a critério do botequeiro ou “cachaceiro” o uso do vinagre, mas não é garantido que irá funcionar, pelo contrário, é mais provável que o uso de vinagre prejudique quem se utiliza dessa “técnica”.
Referências
CANTO, Eduardo Leite do. Química na abordagem do cotidiano. 4.ed, São Paulo: Moderna, 2006. V.3, cap. 19, p.