Badiou e os traços viciosos do projeto filosófico clássico, na abordagem do entrelaçamento arte/filosofia.
( por Marcela Miranda . Graduanda em Ciências Sociais - UFF)
Badiou apresenta o projeto clássico filosófico a partir de uma crítica apresentação dos três esquemas que segundo ele mesmo tornam possível o entrelaçamento arte e filosofia, sendo os esquemas : Didático, Romântico e Clássico. Segundo o autor a filosofia pretende julgar a arte a partir da dimensão filosófica, porém a filosofia não é portadora desse direito de avaliação da arte , já que esta não se faz presente no âmbito filosófico (do intelecto). A arte se resume a conhecimento sensível enquanto a filosofia trata de conhecimentos obtidos através da razão. Para identificar melhor o entrelaçamento arte e filosofia, antes de apresentar os esquemas, Badiou traça uma analogia entre mestre/histérica e filosofia/arte. A arte se mostra a tal ponto que o filósofo, na condição de mestre, se sente na responsabilidade de posicionar-se sobre ela, e numa tentativa de compreender a natureza (ou mesmo a verdade) produz um discurso de conhecimento da arte, no qual ela não se reconhece e portanto o denuncia, encorporando a histeria. O esquema didático avalia a arte como eficiente para a educação, com utilidade instrumental. Para os pensadores deste esquema a arte seria a mediação entre intelecto e sensível. A arte não está apta à verdade, serviria apenas como uma indicação à verdade que está fora dela, e que somente a filosofia seria capaz de significá-la, sendo assim, no didatismo a arte serviria para filosofia apenas como exibição da verdade. O esquema romântico supõe que se há algo ou alguém que pode mostrar brilhantemente o que é a verdade seria a arte. Pois ela representa através de forma finita/concreta uma verdade infinita/transcendental sobre a forma de obra. E o filósofo indicaria a verdade da arte, que não está noutro lugar senão nela mesma, assumindo a arte, no