Bacharel
A provável desistência da prefeitura de Recife de realizar a Fan Fest – espaço de transmissão dos jogos e shows que desde 2006 tornou-se um dos negócios mais importantes das Copas do Mundo – e os impasses e pendências que podem prejudicar a realização desses eventos em pelo menos seis das doze cidades-sede, abriu um importante debate sobre a pertinência da realização das festas da Fifa.
Ainda que esteja em marcha uma pesada campanha midiática organizada pelo tripé Fifa-Rede Globo-Governo Federal no sentido de se escorar no amplo apelo popular do futebol e da Copa no Brasil para garantir que contratos de realização da Copa pudessem ser cumpridos em sua integralidade, a situação política do país extremamente instável e crítica às contrapartidas que o megaevento tem exigido da população, pode colocar em risco a efetivação de negócios milionários como as Fan Fests.
Fan Fests: um grande negócio para os parceiros da FifaEm artigo recente publicado na Folha de S.Paulo (“A festa dos torcedores”, 26/02/2014), o secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke acusa o golpe. Buscando responder ao irretocável texto do jornalista Xico Sá (“Carta a messiê Jérôme”, 22/02/14), Valcke, em primeiro lugar, repete o mantra de que serão extremamente positivos o “retorno de imagem e o ambiente de festa” da Copa e das Fan Fests e que a Fifa sempre quis “incluir os brasileiros no megaevento”. Por outro lado, deixa claro que a entidade não hesitará em cobrar as indenizações previstas em contrato, afinal, como “ninguém forçou o Brasil” a sediar a Copa, “ao se informar dos requisitos, as autoridades prontamente concordaram e assinaram os compromissos”. É verdade. Faltou dizer que isso não foi combinado com o povo.
Para além da retórica festiva, o que está por trás dos argumentos de Valcke é a garantir que as Fan Fests cumpram a função para a qual foram criadas, isto é, que sejam espaços