Bacha- Brasil: Integrar para crescer
INTEGRAR PARA CRESCER: O BRASIL NA ECONOMIA MUNDIAL
Edmar Bacha1
Introdução2
A economia brasileira está enferma. É isso que nos dizem os pibinhos, a inflação alta e a desindustrialização. São sintomas da baixa produtividade do país que tem a ver, entre outros fatores, com o atraso tecnológico, a escala reduzida e a falta de especialização que caracterizam nossas empresas de um modo geral. Essas características são o resultado do isolamento econômico a que o país se impôs em relação ao comércio internacional com exportações de apenas 12,5% do PIB que representam menos do que 1,3% do total mundial em 2012. Medido pelo PIB o
Brasil responde por 3,3% do total do mundo – um número 2,5 vezes maior do que sua participação nas exportações mundiais3. Agora que um brasileiro vai dirigir a
Organização Mundial do Comércio, é boa hora de reavaliar essa política de isolamento e promover uma maior integração do país ao comércio internacional.
No final da década passada o Brasil parecia haver entrado numa fase de crescimento sustentado com inflação sob controle. Era o que sugeria tanto a trajetória favorável da economia desde 2004 como sua rápida superação da crise mundial de 2008-09.
Entretanto, os pibinhos e a alta inflação a partir de 2011 nos indicam que a euforia econômica do período 2004-2010 teve caráter temporário, sendo explicada por fatores de natureza cíclica que se teriam esgotado em 2011.
De fato, entre 2004 e 2011 o país foi beneficiado por uma bonança externa de dimensões talvez únicas em nossa experiência histórica. Essa bonança, de quase
10% do PIB, foi gerada por uma explosão dos preços das commodities que exportamos e por um extraordinário influxo de capitais estrangeiros4. Ela não
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Edmar Bacha é fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças.
Preparado para o Fórum Nacional (Sessão Especial), Brasil: Estratégia de Desenvolvimento Industrial com Maior Inserção Internacional