Avozinha lilás
de Playboy
Esta história tem seu ápice em um acontecimento trágico. É a história da avozinha lilás, que usava um echarp da referida cor, em volta do pescoço, e não o tirava de jeito nenhum. Afinal, era um significativo símbolo. Mas nem sempre foi assim. Avozinha nunca havia simpatizado com a cor lilás. Dizia que era coisa de boiola. Era só ouvir falar em GLS - gay, lésbica, simpatizantes - que ela “soltava os cachorros”. A avozinha convivia com duas situações que ela entendia como dois graves problemas: o comportamento, por assim dizer, efeminado do seu companheiro, o avô; e o masculinizado da neta. Para entender melhor, é necessário ir aos fatos: primeiro, os relacionados ao avô; e depois, à neta. Haviam duas situações ligadas ao avô, que muito incomodava a avozinha. A primeira era a sua voz fina e estridente. Ela se perguntava como aquilo era possível: um homem de corpo másculo, com essa voz. A segunda, talvez a pior para ela: o modo de se vestir, pois só gostava de roupas coloridas e, de preferência, com cortes femininos. Dizia ser o “fim do mundo”. Às voltas com seu pensamento, o avô questionava-se todos os dias sobre a dureza de uma vida dupla. Raramente saía, por não ter muitos amigos. Os heterossexuais de sua idade tinham apenas uma coisa em mente: as mulheres. Possuía um misto de emoções quando via seus amigos com suas namoradas ou com as mulheres, abraçando e rindo juntos. Sentia-se triste, irritado e deprimido no seu interior, porque isso era o que ele queria, mas não conseguia ter. A neta, por sua vez, também apresentava dois comportamentos considerados aberracionais por ela, a avozinha. O primeiro, o de querer vestir-se sempre com roupas típicas do vestuário masculino. O segundo, o de preferir brincadeiras tidas como próprias para meninos. Ela, a neta, trepava em uma árvore feito um menino, para brincar na casa da árvore, presente de seu