Avião do Trabalhador
Rodo Cotidiano
(...) Não se anda por onde gosta mas por aqui não tem jeito, todo mundo se encosta (...)
Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal que corta as ruas
Da minhoca de metal
Como um concorde apressado cheio de força
Que voa, voa mais pesado que o ar
E o avião, o avião, o avião do trabalhador.
(O Rappa, 2009)
O presente trabalho tem por objetivo identificar os rituais que normatizam as relações entre os camelos e demais entidades que utilizam diariamente os trens da Supervia, levando em consideração o momento da esmola, tempo de chegada à estação e fim do expediente. Espaço de venda, tabulação de valores, regras e normas, bem como outras atividades escusas ou não que se dão dentro dos trens da Supervia.
Ademais, o trabalho pretende documentar as falas dos próprios nativos que evidenciam o sentimento de pertencimento do grupo de ambulantes, tentando responder as duas perguntas, a saber: O que significa ser um membro deste grupo? O que é necessário para fazer parte desse grupo? Outra leitura que é permitida fazer e faremos é sobre a relação entre ambulante e guarda da Supervia. Sobre essa ótica colocaremos as lentes sobre a dicotomia proibido/liberado e “arrego”, levando em conta que dentro dos trens existem ambulantes autorizados a vender suas mercadorias e outros não, e como estamos falando de comércio, haverá uma tomada serena da questão do consumismo.
A metodologia utilizada foi à observação/anotações e entrevistas na linguagem do nativo com a finalidade de não levantar suspeita visto que a maioria dos entrevistados trabalha de forma ilegal. Os autores mobilizados foram Mariza Peirano em sua obra Ritual Ontem e Hoje e para falar da relação de consumo existente dentro dos vagões utilizaremos Mary Douglas e Baron Isherwood em O mundo dos bens.
Tempo
A vida de um ambulante da Supervia começa bem cedo, às 04h30min da manhã. A primeira tarefa consiste em embalar a mercadoria para á venda. Se forem