Avanços da psicologia social na américa latina
SILVIA T. MAURER LANE
Introdução
Para falarmos de avanços da Psicologia Social na América Latina é necessário retrocedermos à época da célebre "crise da Psicologia Social" – crise esta teórica e metodológica.
No Congresso da SIP em 1973, realizado em São Paulo, a dra. Aniela Ginsberg, uma das suas organizadoras, apresentava resultados de pesquisas interculturais os quais apontavam para a relatividade dos comportamentos humanos e, mesmo, de características de personalidade em função de diferenças históricas, culturais e sociais, tudo indicando que não cabia à Psicologia, como ciência, ter leis universais. Por outro lado, porém, os trabalhos de Skinner comprovavam que reforço positivo, em qualquer cultura, aumenta a freqüência de um comportamento. Assim como os três fatores encontrados por Osgood, na elaboração do Diferencial Semântico, para a obtenção de significados afetivos de palavras, apresentavam-se como dimensões universais, ou seja, em todas as culturas estudadas (em torno de trinta) emergiam um fator de Valor, um segundo relativo à Potência e um terceiro, á Atividade.
A que se deve o caráter universal de alguns aspectos psicológicos I e de outros, essencialmente, particulares? Qual a relação entre o biológico da espécie e o histórico cultural das sociedades?
Esta era a crise teórica com suas conseqüências metodológicas sentida por todos os estudiosos da Psicologia Social.
Porém, na América Latina esta crise assumiu também um caráter político. As ditaduras militares, com seu poder repressivo, as injustiças sociais, a opressão sob a qual a maioria dos povos vivia nas décadas de 60 e 70, faziam-nos questionar não só o nosso papel de pesquisadores como a própria Psicologia Social. Ela, que se apresentava na década de 50 como o ramo da Psicologia que contribuiria para resolver [ 67] os grandes problemas da humanidade, parecia a nós, neste período, que apenas subsidiava a opressão, a manipulação política, a