avaliação ensino fundamental 1 sítio do picapau amarelo
─ Visconde, disse Emília, venha ser meu secretário. Veja papel, pena e tinta. Vou começar as minhas memórias.
O sabuguinho científico sorriu:
─ Memórias!! Pois, então, uma criatura que viveu tão pouco já tem coisas para contar num livro de memórias? Isso é para gente velha, já perto do fim da vida.
─ Faça o que eu mando e não discuta. Veja o papel, pena e tinta.
O Visconde trouxe papel, pena e tinta. Sentou-se. Emília preparou-se para ditar. Tossiu. Não sabia como começar e para ganhar tempo veio com exigências:
─Esse papel não serve, Senhor Visconde. Quero papel cor do céu com todas a suas estrelinhas. Também a tinta não serve. Quero tinta cor do mar com todos os seus peixinhos. E quero pena de pato; com todos os seus patinhos.
O Visconde ergueu os olhos para o teto, resignado. Depois, falou; fez-lhe ver que tais exigências eram absurdas; que, ali no Sítio de Dona Benta, não havia patos, nem tal papel, nem a tal tinta.
─ Então, não escrevo! ─ disse ela.
─ Sua alma, sua palma ─ murmurou o Visconde. Se não escrever, melhor para mim. É boa!...
Emília, afinal, concordou em escrever as memórias naquele papel com pena comum e com a tinta de Dona Benta. Mas jurou que havia de imprimi-las em papel da cor do mar e pena de pato.
O Visconde disparou na gargalhada.
─ Imprimir com pena de pato! Ah! Essa é boa! Imprime-se com tipos, não com penas.
─ Pois seja ─ tornou Emília. Imprimirei com tipos de pato.
O Visconde ergueu, novamente, os olhos para o forro, suspirando.
Estavam os dois fechados no quarto dos badulaques. Servia de mesa um caixãozinho e de cadeira um tijolo. Emília passeava de um lado para o outro, de mãos às costas. Ia ditar.
─ Vamos! disse ela depois de ver tudo pronto. Escreva bem no alto do papel: Memórias da Marquesa de Rabicó. Em letras bem graúdas.
“MEMÓRIAS DA MARQUESA DE RABICÓ”
─ Agora, escreva: “Capítulo Primeiro”.
O Visconde escreveu e ficou à espera do resto.
Emília, de testinha franzida, não sabia como