avaliar para aprender
Neus Sanmartí
A avaliação deveria ter como finalidade principal permitir que os próprios alunos possam detectar suas dificuldades e desenvolver estratégias para superá-las
Aprender compreende basicamente superar obstáculos e erros. As estratégias e os métodos de avaliação aplicados nos processos de ensino e aprendizagem têm uma extraordinária repercussão nos resultados desses processos. Ou seja, a avaliação não apenas mede os resultados, mas também condiciona o que e como se ensina, sobretudo o que aprendem os alunos e de que forma eles o fazem. De fato, não é possível considerar a avaliação separadamente dos processos de ensino e aprendizagem.
No entanto, os professores, ao planejar as sequências didáticas, tendem a separar as atividades de ensino e aprendizagem das atividades de avaliação. Quando se planeja uma sequência, costuma-se pensar em quais conteúdos pretende-se ensinar ou nas atividades e nos exercícios que serão aplicados, mas muito pouca atenção é dispensada para detectar as dificuldades dos alunos, compreender suas possíveis causas e pensar em como regulá-las. A AVALIAÇÃO NÃO APENAS MEDE RESULTADOS, MAS TAMBÉM CONDICIONA O QUE E COMO APRENDEMOS
As dificuldades e os erros dos alunos provêm essencialmente de como eles percebem o que é importante aprender, de sua maneira de raciocinar, falar, escrever, comunicar o conhecimento e “emocionar-se” com ele, além de seus próprios valores. Muitas vezes, porém, não é fácil superar essas dificuldades. Poderíamos dizer que ensinar é ajudar os alunos a identificar as diferenças entre sua maneira de fazer, pensar, falar, sentir e valorizar e as maneiras promovidas pela escola (ver Quadro 1). O desafio para os professores, mais do que buscar a melhor forma de “explicar” bem determinado conteúdo ou selecionar atividades motivadoras, é conseguir que os alunos, quando escutam as explicações ou realizam as atividades, reconheçam as diferenças entre o que se propõe e sua própria