Autores brasileiros em Administra o
Autores brasileiros
Até este capítulo, apresentamos as teorias administrativas hegemônicas no campo dos estudos organizacionais, cujas construções ocorreram majoritariamente em contextos estrangeiros, com as devidas críticas que lhes vêm sendo feitas por pesquisadores e intelectuais brasileiros e internacionais. Boa parte dessas teorias situa-se no quadro paradigmático funcionalista, que, segundo Burrell e Morgan (1979) e Gióia e Pitre (1990), é dominante na teoria e na pesquisa organizacionais. Tais teorias, vinculadas ontológica e epistemologicamente ao positivismo, buscam regularidades, a manutenção do status quo e efetuar testes para predizer e controlar a realidade.
Este capítulo apresenta as contribuições de três dos principais autores brasileiros ao campo da administração – Alberto Guerreiro Ramos, Maurício Tragtenberg e Fernando C. Prestes Motta –, cuja produção intelectual é vasta, densa e tem enriquecido as discussões críticas nos estudos organizacionais. Essas contribuições situam-se em um quadro paradigmático diametralmente oposto ao funcionalismo, pautam-se por pressupostos e valores humanistas radicais, buscam descrever e criticar para mudar a realidade que investigam, e alcançar a liberdade humana (emancipação) pela revisão da consciência (crítica).
Dessa forma, os trabalhos desses autores são de extrema relevância para o campo, pois, além de serem pensamentos e teorias produzidos com base no contexto brasileiro e em sua realidade social e organizacional, abrem caminho para uma teoria das organizações contra-hegemônica, mais humanista e libertária em seus propósitos.
Alberto Guerreiro Ramos
O sociólogo Alberto Guerreiro Ramos nasceu em 13 de setembro de 1915, em Santo Amaro (BA).
Em 1946 “diplomou-se em ciências pela Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal, bacharelando-se um ano depois pela Faculdade de Direito da mesma cidade”.129 Após o segundo governo de Getulio Vargas, Guerreiro Ramos atuou no Instituto