Autores africanos e poemas
Essa negra fulo (Parte do Poema ) - Jorge de Lima
Ó Fulô! Ó Fulô!
Vai botar para dormir esses meninos, Fulô!
"minha mãe me penteou minha madrasta me enterrou pelos figos da figueira que o Sabiá beliscou".
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Ó Fulô! Ó Fulô!
(Era a fala da Sinhá
Chamando a negra Fulô!)
Cadê meu frasco de cheiro
Que teu Sinhô me mandou?
— Ah! Foi você que roubou!
Ah! Foi você que roubou!
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
O Sinhô foi ver a negra levar couro do feitor.
A negra tirou a roupa,
O Sinhô disse: Fulô!
(A vista se escureceu que nem a negra Fulô).
Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!
Eu pássaro preto – Adão Ventura
Eu,
pássaro-preto, cicatrizo queimaduras de ferro em brasa, fecho corpo de escravo fugido e monto guarda na porta dos quilombos.
O mandacaru e a flor - João Cabral de Melo Neto
Por trás do que lembro, ouvi de uma terra desertada, vaziada, não vazia, mais que seca calcinada.
De onde tudo fugia, onde só pedra é que ficava, pedras e poucos homens com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens, derradeiras de suas aves; as árvores, a sombra, que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia, gaviões, urubus, plantas bravas, a terra devastada ainda mais fundo devastava.
Autores Africanos
A literatura africana de expressão portuguesa nasce de uma situação histórica originada no século XV, época em que os portugueses (cronistas, poetas, historiadores, escritores de viagens, homens de ciências e das grandes literaturas européias) iniciaram a rota de África, continuando depois pela Ásia, Oceânia e América.
É necessário frisar que este tipo de literatura, chamada literatura africana de expressão portuguesa, ganha uma nova especialização, tomando a designação de literatura de raiz africana. Esta literatura teve a sua origem através do confronto, da rebelião literária, linguística e ideológica, da