Autodiagnose - fernando pessoa

Fernando Pessoa em sua indivisibilidade torna-se um ser único, que sem seus heterônimos se mostra um alguém que não refletiu para fora o que ia ao seu interior. O poeta se dividia em várias identidades, em várias formas de ver o mundo, o que nos mostra os diferentes pontos de vista psíquicos de sua consciência humana e sobre a sua própria condição mental.
Os heterônimos criados por Pessoa mostra a tendência do poeta para despersonalização de si próprio, na qual é construída e desconstruída sua identidade, onde a simulação de seu próprio Eu nunca é desvendada. Pessoa torna-se uma incógnita, uma indecifrável dissociação mental.
No texto “Autodiagnose”, o poeta propõe uma auto-análise, onde é possível notar um Fernando Pessoa que se auto diagnostica um ser movido por uma histeria comportamental, mais propriamente, um histeroneurasténico, pois para o poeta há “fenômenos de abulia que a histeria, propriamente dita, não enquadra no registro dos sintomas da abulia histérica dos seus sintomas”. Pessoa afirma que a origem mental de seus heterônimos está na tendência orgânica de suas criações.
Fernando Pessoa diz claramente de sua histeria emocional interior, característica presente de forma significativa nas obras de Álvaro de Campos, como pode ser observada no poema abaixo:

Às Vezes
Às vezes tenho idéias felizes, Idéias subitamente felizes, em idéias E nas palavras em que naturalmente se despegam... Depois de escrever, leio... Por que escrevi isto? Onde fui buscar isto? De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu... Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?..
Como humano, se mostra uma pessoa infeliz, cheia de desejos e pouca perspectiva para realizá-los, agora como poeta já é categorizado como ser intelectual, filosófico, com certa empolgação mental que ao se exteriorizar perde todo o poder de inibição. Ele quer ser, e fazer mil coisas ao