Auto da compadecida
AUTO DA COMPADECIDA
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A Hermilo Borba Filho, José Laurênio de Melo, Gastão de Holanda, Aloísio Magalhães,
Orlando da Costa Ferreira e Flaminio Boilini
Cerri, com toda a minha amizade.
A.S.
O grande acontecimento do Primeiro Festival de Amadores Nacionais, realizado em janeiro de 1957, no Rio de Janeiro, por iniciativa da Fundação Brasileira de Teatro, foi a representação pelo Teatro Adolescente do Recife, sob a direção de Clênio Wanderlei, do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Se a interpretação era boa, considerado aquilo que se pode exigir de um grupo amador novo e constituído de elementos jovens e, portanto, até certo ponto inexperientes, o que, por outro lado, tinha a vantagem de dar ao espetáculo um tom de simplicidade, de despojamento, de espontaneidade, que correspondia ao espírito da peça e se enquadrava, no estilo de apresentação que mais lhe convinha, a verdade é que foi o texto em si o causador do entusiasmo despertado.
Suassuna diz que sua obra se baseia nos romances e histórias populares do Nordeste, os quais, devemos confessar, desconhecemos totalmente. Por nosso lado, encontramos em “A Compadecida” um parentesco com gêneros mais antigos, de outras épocas e regiões que, todavia, devem ter sido de algum modo a origem remota daqueles que a inspiraram. Enquadramo-la, inicialnente, na tradição das peças da Alta Idade Média, geralmente designadas como Milagres de Nossa Senhora (do séc. XIV), em que, numa história mais ou menos - e às vezes muito - profana, o herói em dificuldades apela
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para Nossa Senhora que comparece e o salva tanto no plano espiritual como temporal.
Quanto à forma e ao tratamento, nossa tendência é para aproximar a obra dos autos de Gil e do teatro espanhol do séc.XVII. Também lhe encontramos algo em comum com a commedia dell’arte, tanto no desenvolvimento da ação como ‘na concepção das personagens, particularmente