Aulas
Leituras e Reflexões Marcelo Weishaupt Proni Professor Doutor, Instituto de Economia da Unicamp Campinas-SP, Brasil mwproni@eco.unicamp.br Resumo
O propósito deste artigo é apresentar e discutir, de modo bastante sintético, algumas abordagens teóricas sobre o lugar que ocupa o trabalho na civilização contemporânea, destacando tendências recentes na organização do trabalho e na relação entre empresas, sindicatos e trabalhadores. A argumentação está dividida em cinco seções, nas quais procuramos examinar o trabalho na perspectiva do processo civilizador, privilegiando as sugestões de Elias para entender os mecanismos de pacificação das relações sociais e de autocontrole pessoal. Não pretendemos esgotar o debate ou oferecer uma visão que concilie as distintas leituras aqui mencionadas, mas queremos explorar uma pequena variedade de questões sobre esta temática. Palavras-chave: trabalho, civilização, autocontrole.
Introdução
“Civilização”, de acordo com algumas enciclopédias e dicionários, diz respeito às condições materiais e culturais de um povo ou país, a um estado de desenvolvimento econômico, social e político, ao conjunto de características próprias à vida intelectual, artística, moral, social e material de uma sociedade. “Civilizado” é todo aquele que possui as idéias e costumes próprios ao estado de civilização, que vive no meio urbano e observa as conveniências e as boas maneiras em sociedade; ou seja, que expressa “civilidade”. “Civil” concerne ao cidadão, enquanto membro de uma coletividade nacional; no Direito, refere-se às relações jurídicas entre particulares e às liberdades e deveres do cidadão; na Filosofia, remete à noção de “sociedade civil” e aos laços que unem os indivíduos em relações de dependência recíproca. Notamos, portanto, diferentes usos e significados para o termo “civilização” e seus correlatos. Entre cientistas sociais e historiadores há visões bem distintas a respeito das características,