Aula pratica
O enredo de Esaú e Jacó centra-se na história dos gêmeos Pedro e Paulo, simetricamente opostos. Suas brigas, que se iniciam no útero materno, estendem-se por toda a vida. Seus temperamentos são invertidos: Pedro é dissimulado e cauteloso,
Paulo é arrojado e impetuoso. Na política, encontram campo fértil para dar vazão às suas animosidades: Paulo é republicano e Pedro monarquista. O primeiro vai cursar
Direito em São Paulo, o segundo Medicina no Rio de Janeiro. Une-os o amor extremado pela mãe, Natividade, e separa-os a paixão por Flora, a “inexplicável”, segundo o conselheiro Aires, que se junta à mãe no esforço de aproximar os rapazes.
Com a morte de Flora, os dois irmãos pareciam rumar para a reconciliação, logo frustrada. Nem mesmo o último pedido da mãe, que no leito de morte pede-lhes que sejam amigos, consegue uni-los por muito tempo. Ao final do romance, Aires constata que sempre foram inimigos e que, ao que tudo indica, sempre o serão. Em certo momento da narrativa, o conselheiro afirma que as razões para tantas brigas não são conhecidas: “ – Esaú e Jacó brigaram no seio materno, isso é verdade. Conhece-se a causa do conflito. Quanto a outros, dado que briguem também, tudo está em saber a causa do conflito, e não a sabendo, porque a Providência a esconde da notícia humana...”
No entanto, na Bíblia, narra-se que Rebeca, ao sentir que os filhos brigam em seu útero, pergunta a Deus qual seria a causa e Este responde: “Duas nações há no teu ventre.” Essa é a causa a que alude o conselheiro. Pode ser também a causa alegórica da luta constante de Pedro e Paulo. As duas nações seriam o próprio Brasil, dividido, na época, entre a Monarquia e a República e até hoje entre o progresso e o conservadorismo, entre a sofisticação e a miséria. A figura de Flora, indecisa entre os dois irmãos, já foi identificada como uma representação alegórica da própria nação brasileira “inexplicável”. Seu pai, Batista, é o