Aula de alguma coisa
Mas quero me referir ao termo inicial do debate, a respeito do passado. A primeira referência que quero fazer é à natureza daqueles Estados onde seus regimes caíram e se deu lugar ao processo de restauração capitalista. Eu creio que de todas as teorias que se tem desenvolvido com respeito à interpretação e à definição, primeiro da URSS e logo dos Estados onde, alguns produtos de revoluções desde baixo e outros produto da intervenção do Exército Vermelho, foi a burguesia expropriada; a definição de Trotsky que logo estende à Quarta Internacional de “Estados operários degenerados e deformados” é a que mais passou à prova da história. Creio que nenhuma das teorias alternativas na esquerda mundial, inclusive de raiz trotskista (digo, para separar das teses do stalinismo que diziam “isto é o socialismo”, “isto é o comunismo”): uma foi a de capitalismo de Estado, que sustentou um dirigente trotskista em sua origem, Tony Cliff, e que também sustentou alguns intelectuais aparentados com o maoísmo como Charles Bettelheim. O primeiro problema que tinha esta tese é que sustentava que a URSS expressava a forma mais acabada de uma dinâmica geral do capitalismo, ou seja, que se dava tanto no Leste como no Oeste um domínio por parte do Estado das funções de acumulação de capital. E então frente a 1989 não houve nenhuma mudança, ou seja, passou uma questão meramente de grau.
A segunda teoria mais desenvolvida foi a do coletivismo burocrático, que formulou pela primeira vez Bruno Rizzi, contra o que polemizou Trotsky discutindo que isto não podia descartar-se como hipótese histórica,