Aula 7 Santo Agostinho
I – Contextualização Histórica Os comentadores concordam que o Livre-Arbítrio é um dos trabalhos mais importantes de St. Agostinho, ao lado das Confissões e da Cidade de Deus. O Livre-Arbítrio teve uma complexa redação, estendendo-se por mais de sete anos, de 388 à 395. O livro I foi escrito na Itália antes da ordenação de Agostinho. Os livros II e III foram redigidos enquanto presbítero. O todo da obra de Agostinho costuma ser dividido em trabalhos de juventude e de maturidade. São obras de juventude os chamados diálogos de Cassiciacum que nos mostram, entre outras coisas, nitidamente que Agostinho aprendia a filosofia platônica – via Plotino – ao mesmo tempo em que assimilava o conteúdo da fé cristã. Ele encontrou nas duas doutrinas a iluminação, pois via em ambas a busca pela mesma verdade. Das obras de maturidade podemos citar as Retratações e A Cidade de Deus. A hermenêutica histórica geralmente reserva ao Livre-Arbítrio uma posição intermediária no corpus agostiniano, pois esse livro reúne elementos constitutivos do pensamento de juventude com elementos do período tardio. Daí a insistência dos comentadores que ressaltam a importância de se ler a obra nos seus próprios termos. Prova disso é que Agostinho não fez, ao longo do livro, nenhuma referência direta a outros trabalhos filosóficos e autores, nem a outras de suas obras. Interessante é a concordância dos comentadores quanto a pouca formação filosófica de Agostinho. Afirmam que o desenvolvimento do bispo, nas suas questões fundamentais, foi bem lento. Nos primeiros trabalhos Agostinho esboçava interpretações pobres das Escrituras, porém já se mostrava familiarizado com a teologia da Trindade que ouvia de seu professor St. Ambrósio. Porém faltava contato com os textos clássicos da filosofia ocidental. No momento de sua conversão, Agostinho dominava parcamente o grego e conhecia muito pouco de filosofia além do que