Auditoria
Eficiência do mercado acionário brasileiro pós-Plano Real: há evidências de overreaction ?
Jayme Wanderley da Fonte Neto (UFPE) jaymew@ig.com.br Charles Ulises De Montreuil Carmona (UFPE) carmona@ufpe.br
Resumo A hipótese de eficiência de mercado é um tema central em finanças, sendo, portanto, um dos problemas mais estudados. Relacionado ao assunto, algumas pesquisas vêm se dedicando especificamente à investigação de fenômenos de overreaction, ou seja, de reações excessivas do mercado e incompatíveis com a hipótese de eficiência. Neste contexto, o trabalho presente objetivou aplicar - ao mercado acionário brasileiro dos dez primeiros anos do Plano Real testes de overreaction baseados nas principais metodologias utilizadas em pesquisas internacionais. As principais evidências obtidas rejeitaram a existência destes excessos de reações, contrariamente aos resultados de alguns dos principais estudos nacionais. Palavras-chave: Eficiência de mercado, overreaction, finanças comportamentais. 1. Introdução Um dos mais trabalhados e ao mesmo tempo polêmicos assuntos em finanças é a questão da eficiência de mercado e a investigação empírica da sua presença em mercados de ações. Tendo como principal referência Fama (1970), numerosos testes já foram realizados, sendo que parte deles corrobora a hipótese de eficiência ao passo que outros a rejeitam, subsistindo, portanto, indefinição. Dentro desta polêmica, inclusive, vem crescendo e se fortalecendo o número de autores defensores das chamadas finanças comportamentais. As teorias relacionadas a esta argumentam que a precificação dos ativos do mercado de capitais é pautada não apenas por fatores racionais, baseados nas informações econômicas relevantes, mas também por variáveis inerentes ao comportamento humano, como, por exemplo, erros cognitivos. No momento atual, existe um clima de forte oposição entre os defensores da hipótese