Atps de humanização

A diversidade e as finalidades do uso de drogas são históricas e culturais, datadas de tempos imemoriais. Atualmente, a drogadição é caracterizada na perspectiva da saúde pública como um problema de saúde mental, estando a sua concepção dependente do discurso no qual está ancorada. Se por um lado, a droga, a dosagem, a frequência e o modo de uso podem ser o mesmo para qualquer um, por outro, o abusa de drogas é de modo singular para cada sujeito. Isto por que, tendo a psicanálise como referencial teórico-metodológico deste estudo, percebemos que a droga é significada dentro da rede de elementos em que cada sujeito se estrutura psiquicamente. Estando a enfermagem inserida na assistência pública de saúde à drogadição, podendo ter seu exercício clínico orientado pela psicanálise, como esta pode contribuir para o cuidado clínico em enfermagem, ao se considerar a singularidade da relação do sujeito com o objeto droga? Em geral, objetivamos analisar as contribuições de abordar a singularidade do sujeito, norteados pela psicanálise, para o cuidado clínico em enfermagem na drogadição.
Metodologicamente, desenvolvemos uma pesquisa em psicanálise, através de entrevistas com pacientes em tratamento no CAPSad. Para compreender como, na particularidade de cada sujeito, se constrói a singularidade de sua relação com o objeto droga, construímos um ensaio metapsicológico, que nos remete ao estilo de análise e escrita dos casos freudianos. Na psicanálise, encontramos duas vertentes teóricas acerca da drogadição: uma considera a droga como uma nova forma de sintoma diante do mal-estar social; a outra afirma a necessidade de tomarmos a droga na especificidade da relação que o sujeito estabelece com a castração nas estruturas clínicas. Situando-nos nessa segunda via, para o sujeito entrevistado, as drogas apresentaram-se como uma ‘cápsula de escape’ para a angústia colocada para ele como um enigma sobre o desejo do Outro materno. Com a