Ativismo homossexual indígena
SPG 16 Sexualidade e gênero: espaço, corporalidades e relações de poder
Ativismo homossexual indígena e decolonialidade: da teoria queer às críticas two-spirit
Estevão Rafael Fernandes
Introdução
Esta apresentação busca apontar algumas das preocupações que norteiam minhas pesquisas de doutorado sobre ativismo homossexual indígena em uma perspectiva comparada entre Brasil e Estados Unidos, atualmente em desenvolvimento no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas da Universidade de Brasília (Ceppac/UnB).
É importante deixar claro desde já que meu objetivo não é a realização de um estudo que busque levantar quais etnias possuem práticas homossexuais, como elas representam essas práticas, ou mesmo um estudo da sexualidade indígena nesta ou naquela etnia - um trabalho nesse sentido teria que recuperar e examinar as noções hegemônicas sobre o que seria homossexualidade e lançar mão de uma arqueologia da sexualidade, buscando compreender como os povos indígenas interpretariam essas noções. Trabalhos nessa direção trariam contribuições óbvias para o desenvolvimento da Disciplina e ainda estão para ser escritos no país, certamente sendo enriquecidos pela vasta literatura sobre corporalidade e gênero ameríndios desenvolvidos ao longo das últimas décadas. Este trabalho terá, por outro lado, a finalidade de buscar contribuir com um duplo objetivo: o de entender como os movimentos indígenas suscitam, criam, geram e constroem identidades no campo interétnico e compreender o que o ativismo homossexual indígena nos permite perceber sobre relações de poder subsumidas às políticas indigenistas e aos movimentos indígenas em diferentes contextos nacionais. Nesta etapa de reflexão, contudo, nosso objetivo será o de perceber as práticas não-heteronormativas em contextos indígenas enquanto algo que pode nos trazer novos elementos para reflexão desses povos com a sociedade envolvente.
Alguns esclarecimentos