ATIVIDADES PARA ADMINISTRA O HOSPITALAR
Quanto vale uma vida? DEBATE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA PARTE DE CONTRADIÇÃO:
TODOS TÊM DIREITO A VIVER, MAS NÃO HÁ DINHEIRO PARA TODOS?
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
É difícil pôr racionalidade e bom senso na discussão sobre sistemas de saúde, públicos e privados, porque se deve partir de um fato que, do ponto de vista moral, as pessoas resistem a aceitar.
O fato é: a vida tem preço. No funcionamento de qualquer sistema de saúde, público ou privado, a todo momento tomam-se decisões com base em análises de relação custobenefício, mesmo que isso não seja explícito.
Por trás de cada decisão médica estão perguntas assim: qual o preço da vida deste paciente?
Ou qual o preço razoável a pagar por esta vida? Não importa quem vai pagar a conta - se o paciente, sua família, o plano de saúde, o seguro ou o governo. Sempre alguém toma uma decisão sobre qual o preço a pagar ou não.
Nesse nível de abstração o raciocínio ainda passa. Mas o desconforto moral aparece quando se expõe o caso real. Por exemplo: manter uma pessoa em Unidade de Tratamento Intensivo tem custo elevado. Vale a pena pagar esse custo se o paciente tem poucas chances de vida e se, sendo idoso, lhe sobraria pouco tempo de vida útil na hipótese de sobreviver?
Pode-se fazer a pergunta de modo ainda mais cruel: vale a pena pagar se o "retorno" é tão pequeno? A natureza humana, a moral e a solidariedade entre os homens mandam responder sim, pois não se pode tolerar que uma pessoa morra por falta de tratamento que estava disponível.
O que está dito aí é que a vida não pode ser tratada como uma mercadoria que circula em relações de troca nas quais produtores e consumidores (pacientes?) negociam preços. Ou, como registrou com aguda percepção a revista The Economist, a sociedade aceita que uma pessoa não possa comprar uma Mercedes, mas não que seja privada do acesso à melhor
Medicina apenas por ser pobre.
Essa diferença entre o acesso a uma Mercedes e o direito à vida impõe a primeira conclusão: a