ATIVIDADES DE ARTE
"Desde os primeiros registros históricos que chegaram até nós das representações visuais realizadas por nossos antepassados até os dias de hoje, o corpo humano foi se tornando, especialmente no ocidente, objeto cada vez mais central do olhar e da criação na arte. Mesmo se não considerarmos os rituais, a dança e o teatro, que são literalmente artes do corpo, mas apenas representações visuais, importante já nas imagens do Egito, o corpo humano tornou-se razão de ser na arte grega.Também representado na arte medieval, veio se constituir como foco primordial no Renascimento, passando a ocupar, especialmente no sécullo XIX, um lugar privilegiado na escultura, na arte do retrato, do auto-retrato e na tradição do nu feminino. Pouco submissos aos ideais dos poderes religiosos e estatais, os artistas progressistas do século XIX deslocaram os conteúdos de sua arte dos cardeais, reis e mitos para o público geral, a realidade mundana e também para si mesmos.
Enquanto em toda tradição secular que se estendeu até o século XIX, o corpo sempre compareceu como objeto, ou melhor, como conteúdo da representação visual, no século XX, uma grande transformação se operou no tipo de tratamento que muitos artistas começaram a dispensar ao corpo e, mais especialmente, ao seu próprio corpo; de objeto representado, o corpo do artista passou a ser o sujeito e objeto de seu trabalho. Ao mesmo tempo, foram crescendo exponencialmente tanto os números como as variações de tendências de trabalhos que o próprio corpo de artista como fonte material primária de suas obras. Dentre as diferentes facetas apresentadas pela arte do século XX, essas tendências se constituíram em sua faceta transgresssoramente dionisíaca...Tal contextualização nos situa no ambiente das artes que tomaram o próprio corpo do artista como suporte, meio e lugar da experiência estética no século XX..."
Livro: CULTURAS E ARTES DO PÓS-HUMANO
Autora: LUCIA SANTAELLA