Assédio no Trabalho
1 INTRODUÇÃO
O trabalho, fundamento do ser social e de sua identidade, torna-se, paradoxalmente, atividade em que os indivíduos são negados e instrumentalizados, redundando em inúmeros processos sócio-organizacionais de assédio moral que colocam em xeque as políticas de afetividade e os ditos programas de comprometimento das empresas que, baseados nas teorias da inteligência emocional, pregam a empatia e o contentamento geral num ambiente no qual predominam o cinismo, o sarcasmo, a negação dos afetos e a competição e indiferença em relação ao outro. O assédio moral tem sido uma questão delicada que trata da violência perversa, negligenciada pelas pessoas e organizações. No entanto, seus efeitos são algumas vezes fatais para ambas as partes, doenças físicas e psíquicas podem ter sua origem nesse fenômeno. Considera-se o trabalho uma das variáveis que determina o homem enquanto ser individual e social e, conseqüentemente, como um instrumento transformador do seu entorno, que desenvolve a sociedade, humanizando-a. Considerando a atual sociedade brasileira nos moldes da escravocrata, a humilhação no trabalho, ou o assédio moral, sempre existiu, historicamente falando, nas mais diferentes formas. Humilhação esta embasada no próprio sistema macroeconômico, que, em seu processo disciplinar, favorece o aparecimento dessa forma de violência, em que o superior hierárquico detém um certo poder sobre seu subordinado. Assim, no assédio moral, se observa uma relação dominante/dominado, na qual aquele que comanda o jogo procura submeter o outro até fazê-lo perder a identidade através de uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos. Viram instrumentos, meros objetos, e assim é consumado o ato de "coisificar". Alguns autores costumam colocar a questão do assédio moral como essencialmente individual, como uma “perversão do ego” no âmbito estritamente