Assunção de Maria
Sentido Cristão do corpo
O sentido teológico do dogma da Assunção é riquíssimo. Neste artigo, destaco a mensagem luminosa que nos oferece a exaltação de Maria na Glória a respeito da dignidade do corpo da mulher e do homem, essa dignidade hoje ignorada e desrespeitada, ainda que se pretenda afirma-la.
Os corpos sofridos de hoje e sua fome de dignidade
O Documento de Puebla (1969) já havia vislumbrado a importância do dogma da Assunção no contexto de nosso “Continente onde – aí e lê – a profanação do homem é uma constante” (n. 298). Mas é em todo o mundo de hoje que a vida se encontra de mil formas ameaçada e os corpos, sofridos. De fato, podemos fazer o elenco dos “corpos profanados” hoje:
O corpo da mulher, degradado pela prostituição e pela cultura machista;
O corpo do operário pela exploração e pelo “horror econômico”;
O corpo do jovem, pela droga, pelo abuso e pela violência;
O corpo da criança, pelo abuso sexual e pelo abandono social;
O corpo do preso, pela tortura e por todo tipo de maus tratos;
O corpo do consumidor, pelo consumismo e pelo envenenamento químico;
O corpo do cidadão, por toda a sorte de violências: urbana, terrorista, da guerra.
A valorização do corpo, que a Assunção inspira, leva a promover todas as formas que estimulam uma correta relação com o corpo. Em primeiro lugar, importa adotar uma atitude de reverência para com o corpo humano, no sentido de trata-lo com dignidade. O Corpo é a lâmpada que carrega a luz do eterno, é a ampola que contém o perfume precioso do Espirito. Ele é, em breve, o templo de Deus (cf. 1 Cor 6,19). Estamos aqui no nível da espiritualidade do corpo.
A promoção da dignidade do corpo passa, em seguida, pelo cuidado com a saúde, especialmente a das grandes maiorias pobres. E esse é o nível social e político da questão. Por fim, é preciso também resgatar a ideia de pureza, entendida como respeito do corpo sexuado, o próprio e o de outrem. Esse é o nível ético da problemática do corpo