assindeto e polissindeto
Ao contrário do assíndeto, o polissíndeto é uma figura de construção que consiste na repetição sistemática e abundante de elementos de ligação, especialmente de conjunções coordenadas. O polissíndeto produz um efeito de acumulação, que pode evoluir no sentido de uma gradação, visando obter um crescendo de intensidade emotiva ou argumentativa. Seguem-se exemplos do polissíndeto:
"(...)
Ca em mia senhor nunca Deus pôs mal,
Mais pôs i prêz e beldad'e loor
E falar mui bem, e rir melhor
Que outra molher; (...)"
(Dom Dinis, "Quer'eu em maneira de proençal", in A Lírica Galego-Portuguesa - textos escolhidos, 1985, Lisboa: Ed. Comunicação)
"(...)Mas julgais que n'isto se resume a literatura portuguesa? Não! Mil vezes não! Temos além disto, o Chianca que já fez rimas p'ra Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos castelhanos p'ra ser a derrota do Chianca!
E as pinoquices de Vasco Mendonça Alves passadas no tempo da avozinha! E as infelicidades de Ramada Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as traduções só p'ra homem do Ilustríssimo Excelentíssimo Senhor Melo Barreto! E o Frei Mata Nunes Moxo! E a Inês sifilítica do Faustino! E as imbecilidades de Sousa Costa! E mais pedantices do Dantas! (...)"
(Almada Negreiros, Manifesto Anti-Dantas, Lisboa, Edições Ática, p.13 - ortografia atualizada)
assíndeto
Figura de construção que consiste na omissão continuada de elementos de ligação entre palavras, sintagmas ou frases, ao contrário do polissíndeto. O assíndeto costuma aplicar-se concretamente à supressão da conjunção coordenativa copulativa "e", que é substituída por uma vírgula ou outro sinal de pontuação e tem como objetivo conferir dinamismo, vivacidade, rapidez e ritmo ao discurso. Seguem-se alguns exemplos de assíndeto, sendo que, no primeiro caso, a conjunção é substituída por vírgulas e pela pausa do parágrafo, enquanto no segundo caso, a conjunção é apenas substituída por vírgulas:
"O céu, a terra, o