Aspirina em baixa dosagem em pacientes com diabete melito: riscos e benefícios em relação às complicações macro e microvasculares
Eduardo G. Camargo; Jorge Luiz Gross; Letícia S. Weinert; Joel Lavinsky; Sandra P. Silveiro
Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
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RESUMO
O uso de aspirina é recomendado como estratégia de prevenção cardiovascular em pacientes com diabete melito. Em decorrência do risco de eventos hemorrágicos e da hipótese de que poderia haver um agravamento das complicações microvasculares associado ao uso da aspirina, tem havido importante sub-utilização dessa terapia. Entretanto, está definido que o uso de aspirina não piora a retinopatia diabética e existem evidências de que também não afeta a função renal em doses usuais (150 mg/dia). Por outro lado, pacientes com diabete melito parecem necessitar de doses maiores do agente antiplaquetário, o que sugere que esses indivíduos apresentem a chamada "resistência à aspirina". Os mecanismos dessa resistência ainda não estão completamente esclarecidos, estando provavelmente relacionados à atividade plaquetária intrínseca anormal. Portanto, o emprego de terapêuticas antiplaquetárias alternativas ou a administração de doses maiores de aspirina (150–300 mg/dia) devem ser melhor avaliados em relação a um aumento da eficácia na prevenção da doença cardiovascular e também a possíveis efeitos nas complicações microvasculares no diabete melito.
Descritores: Diabete melito; Aspirina; Nefropatia diabética; Prevenção cardiovascular; Retinopatia diabética
ABSTRACT
Aspirin is recommended as cardiovascular disease prevention in patients with diabetes mellitus. Due to the increased risk of bleeding and because of the hypothesis that there could be a worsening