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Fernando Pessoa o poeta dos heterónimos
Fernando Pessoa é o poeta dos heterónimos; o poeta que se desmultiplica ou despersonaliza na figura de inúmeros heterónimos e semi-heterónimos, dando forma por esta via à amplitude e à complexidade dos seus pensamentos, conhecimentos e percepções da vida e do mundo; ao dar vida às múltiplas vozes que comporta dentro de si, o poeta pode percepcionar e expressar as diferentes formas do universo, das coisas e do homem. Será curioso lembrar que a palavra pessoa comporta em si este simbolismo do desdobramento fictício, do assumir em pleno uma personagem, se recordarmos que é as das máscaras de teatro dos actores clássicos, representantivas de uma personagem, que surge a palavra persona, origem etimológica de pessoa. Os heterónimos podem ser vistos como a expressão de diferentes facetas da personalidade de Fernando Pessoa e como a manifestação de uma profunda imaginação, criatividade e ficção que desde cedo se revela no poeta - recorde-se que o primeiro heterónimo, o Chevalier de Pas, foi inventado quando o poeta tinha seis anos. Os mais conhecidos e com produção literária mais consistente e constante são, no entanto, outros: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Mas para além destes heterónimos Fernando Pessoa, desdobrou-se em inúmeros semi-heterónimos e pseudónimos, personalidades com uma biografia traçada com maior ou menor detalhe, personalidades com vidas literárias mais ou menos intensas, personalidades que acompanharam o poeta durante um tempo muito ou pouco significativo e que,
quantas vezes, se desbobram elas mesmas em outras. Teresa Rita Lopes, na sua obra Pessoa por Conhecer (Lisboa, Editoral Estampa, 1990, 2 vol.), dá-nos a conhecer uma diversidade muito significativa destas facetas de Fernando Pessoa, algumas muito pouco estudadas e outras inéditas ou praticamente inéditas. Do período da sua visita a Portugal com a família (entre Agosto