As três tragédias que abalaram o Rio de Janeiro
Há 54 anos, a cidade de Niterói foi palco da “maior tragédia circense da história”, como noticiaram os jornais da época.
O domingo de 17 de dezembro de 1961 começou num clima alegre que se instalara dia antes com a chegada do maior e mais completo circo da América Latina. Sob a lona verde e laranja do Gran Circo Norte-Americano, a plateia aguardava ansiosamente pelo número que daria fim ao espetáculo, quando um incêndio criminoso lambeu, por volta das 16h, toda a lona parafinada que cobria o picadeiro.
A trapezista Nena, apelidada de Antonietta Stevanovich, terminava o seu salto tríplice e esperava os costumeiros aplausos, no momento em que o fogo tomou a cena. Nena e outros dois acrobatas escaparam ilesos. As outras duas mil e quinhentas pessoas, não.
A tragédia deixou um sentimento de desconfiança em relação aos circos itinerantes que posteriormente passaram por Niterói e abalou o país inteiro. Fez surgir figuras inesquecíveis como o profeta Gentileza, e também se tornou um marco na carreira do cirurgião Ivo Pitanguy. Foi ainda neste episódio que o presidente da época, João Goulart, chorou na frente dos fotógrafos, ao conversar com uma das vítimas.
Os números divulgados pela imprensa eram desencontrados. Mas, segundo o saldo oficial, o incidente culminou em 503 mortes, a maioria, crianças. Há famílias que relatam nunca terem encontrado seus parentes depois do ocorrido. Atualmente, a história detalhada do Gran Circo é narrada pelo jornalista Mauro Ventura, nas páginas de “O espetáculo mais triste da Terra”, editora Companhia das Letras.
Segundo o autor, em suas pesquisas para construção da obra, o que mais lhe chamou a atenção foi o fato de a maioria dos entrevistados não acreditar na versão oficial de que o incêndio teria sido provocado por Dilson Marcelino Alves, o Dequinha, e dois outros homens, Bigode e Pardal; mas sim por um curto-circuito.
Na versão da polícia, Dequinha