As troianas
Neste artigo analisaremos a tragédia As Troianas, de Eurípides. Faremos um retrospecto com as principais características do teatro de Eurípides. Nossa análise irá atentar-se na riqueza de suas personagens, fazendo um paralelo entre o que dizem os mitos envolvidos e como o tragediógrafo apropriou-se deles para tecer essa trama – a reação das mulheres diante da barbárie dos seus novos senhores. Dessa forma, comprovaremos a importância da literatura como forma de denunciar o papel da mulher e dos órfãos em nossa sociedade ─ desde o seu alvorecer ─, vítimas desses mesmos senhores.
Palavras-chave: Literatura. Antiguidade. Tragédia.
1 Introdução
Nossa cultura está repleta de exemplos artísticos do espírito destrutivo do homem. Picasso, com Guernica, denunciou os horrores nazistas na segunda guerra. John Lennon cantou a esperança do fim da guerra do Vietnã. Chico Buarque foi a voz consciente que denunciava os abusos da ditatura militar brasileira. Todos esses foram artistas que fizeram uso da sua arte para resistir aos horrores de algum tipo de guerra, sua brutalidade, sua capacidade de aniquilamento. Eurípides, há vinte e cinco séculos, foi talvez o artista que inaugurou a arte de fazer o povo refletir diante de governos autoritários, injustos, corruptos, de guerras sem sentido, em que as vítimas indefesas ficam à mercê da pior face do ser humano, da sua barbárie.
Nesse artigo iremos analisar a forma como o autor fez o paralelo de uma guerra do passado, presente no imaginário grego da época, com uma guerra travada naquele momento, um combate, entre nações irmãs, por riquezas, poder e ego. O autor buscou os mitos e tramou-os de forma que os horrores da guerra de então fossem demonstrados no palco, através do destino das troianas, o destino de toda uma sociedade.
2 O teatro de Eurípides
Eurípides, de acordo com D’Onofrio (2007, p. 69-71), nasceu em 480 a.C., em Salamina. Foi discípulo de dois importantes filósofos da Antigüidade, Anaxágoras e Protágoras.