As tranças de bintou
Observa-se que, historicamente, o Brasil tem sido notícia no mundo, não só pelo exotismo de sua beleza natural, mas, sobretudo, pelos seus graves problemas sociais e seus grandes e injustos contrastes. A partir da chegada dos europeus e do estabelecimento do controle colonial, o Brasil tem estado na periferia do mundo econômico, submetido aos interesses dos centros hegemônicos da economia mundial.
O colonialismo e o neocolonialismo deixaram fortes marcas na sociedade brasileira, fazendo do Brasil um país de muitas contradições e desigualdades. Em áreas como saúde, educação, produção e segurança, a população brasileira se debate em problemáticas diversas: doenças epidêmicas, analfabetismo, evasão escolar, violência e desemprego. Por muito tempo, essas graves questões sociais foram conseqüências do Estado vigente, que não representava os interesses da sociedade, mas, apenas, das elites política e econômica. Esses segmentos, na ânsia por defender e manter seu status quo, comprometiam-se com interesses externos, reforçando a miséria social.
Hoje, o governo eleito pela maioria expressiva da classe trabalhadora debate-se entre sair da realidade estabelecida por décadas de descaso para a superação de problemas sociais e atender à urgência dos anseios populares.
É nesse contexto de crise social que está fincada a escola brasileira, servindo precariamente a um povo que luta e tenta encaminhar propostas de mudanças, esperando para ser ouvido e participar de sua própria história. A dependência secular a que foi submetido deixou o povo pouco mobilizado e sem a adequada capacidade de crítica e de luta.
As contradições existentes na sociedade são reproduzidas pelo sistema educacional, em que a burocratização, a falta de integração e as relações hierarquizadas dificultam a ação libertadora, acarretando insatisfação e gerando, na maioria das vezes, acomodação,