as tranformaçoes da questão social robert castel
MOVIMENTOS SOCIAIS DA AMÉRICA LATINA.
Marildo Menegat1
Resumo: O autor discute uma proposta de nova abordagem teórica para a compreensão de movimentos sociais como Piqueteiros na Argentina e MST no Brasil. Partindo da ruína dos processos de modernização e desenvolvimento, que se fez sentir desde a década de 1980, com as crises das dívidas externas, se discute este paradoxo de uma sociedade que ao mesmo tempo desmorona e se mantem. Tais movimentos seriam o resultado de novas formas de (re)ação a estas circunstâncias, em que mesclam experiências de períodos anteriores com genuínas inovações que apontam para novos patamares da luta social.
Palavras chaves: processo de modernização e desenvolvimentismo; movimentos sociais na América Latina; crise do capitalismo; barbárie.
Introdução
Um conjunto de pequenos e contínuos abalos moleculares e/ou grandes avalanches estruturais vem sedimentando novas características na configuração da sociedade burguesa contemporânea. Na periferia desta forma social que se tornou planetária, em particular na América Latina, desde os anos 1980 são perceptíveis estas mudanças.
Depois de várias décadas de esforços sobre-humanos para transformar realidades nacionais acanhadas, de ex-colônias, em nações modernas, este processo social se viu subitamente interrompido antes de qualquer perspectiva razoável de se concluir.
Formações nacionais dependentes de tecnologia e dos movimentos de capital internacional, estes países foram atingidos em cheio pela crise iniciada nos anos 1970 nos países centrais. Como observou alguém em outros tempos, uma pneumonia no centro frequentemente se transforma em paralisia respiratória na periferia. Parece ter sido o caso.
A história do capitalismo ainda está à espera de quem a narre na perspectiva de suas hecatombes. Elas não são meros acasos ou acidentes de percurso. Suas sequências são programadas pela necessidade que esta forma