as sociedade africanas da região subsaariana até o século xv
A África é provavelmente a região do mundo onde a situação lingüística é a mais diversificada (com 1000 línguas) e a menos conhecida.1 A classificação estabelecida por Joseph Harold Greenberg, um famoso lingüista norte-americano, em 1955, distingue quatro grandes conjuntos:
A família khoisan ao sul, constituída essencialmente pelas línguas de cliques dos bosquímanos;
A família camito-semítica (dita também afro-asiática) ao norte, constituída pelo semítico (árabe, hebraico, etíope e outras), o berbere, o egípcio, o cuchítico e o chadiano (haúça),
A família nilo-saariana, que se estende sobre uma zona descontínua do Chade ao Sudão e ao Zaire, e compreende o songai, o maban, o koma, o fur e o nilo-chadiano, este dividido em sudanês central (sara, mangbetu) e sudanês oriental (línguas núbias);
A família nígero-congolesa, que ocupa a maior parte da África Negra, é dividida em seis grupos: o oeste-atlântico (peul, uolof, diola), o mandé ou mandinga (bambara, malinque, mende), o voltaico ou gur (mossi), o kwa (iorubá, iba, akan, ewe, kru), o grupo de Adamawa oriental e o grupo benuê-congolês, essencialmente constituído pelas línguas bantas, que ocupam todo o sul do continente. Para fazer face a essa diversidade lingüística, foram desenvolvidas línguas de relação, faladas como segundas línguas nos conjuntos geográficos mais vastos: o árabe, a língua mais falada do continente; o suaíle (a leste da África), primeira língua banta a utilizar a forma escrita; o lingala (oeste do Zaire); o bambara (Mali, Guiné, Costa do Marfim); o haúça (norte da Nigéria) e outras. Finalmente, as línguas européias herdadas da colonização (inglês, francês, português) são faladas pelas classes cultas e continuam a ser o alicerce lingüístico de numerosos países.1 Essa imensa diversidade cultural é, em parte, explicada pela preservação, até tempos recentes, de uma organização social tribal. A tribo é uma das mais antigas e elementares formas de organização social, sendo