As Revoluções de 1848 e o Bonapartismo
Introdução: O Concerto da Europa
As revoluções de 1848 e posteriormente o Bonapartismo foram eventos importantes que marcaram o conturbado século XIX, principalmente em sua primeira metade, como foi enfatizado por Eric Hobsbawm em sua obra “A Era das Revoluções”. Embora tenham sido eventos extremamente diferentes entre si, ambos fizeram parte do espírito da época, um clima de revoltas contra o antigo status quo absolutista e conservador e embasados no ideais democráticos, socialistas e nacionalistas que tenderam a florescer durante todo este período em boa parte da Europa.
Contudo, primeiramente para se compreenderem os motivos que levaram às revoluções de 1848, é preciso também que se apresentem os eventos e fatos antecedentes, além do contexto europeu que vigia na época. Em 1815, com a derrota definitiva de Napoleão I, tem-se a realização do Congresso de Viena, uma conferência entre as potências conservadoras vencedoras e a Inglaterra, para decidirem o que fazer após a derrota francesa. Áustria, Rússia e Prússia, com a anuência da Inglaterra, estabelecem então uma união que ficou conhecida como Santa Aliança, Concerto da Europa ou Sistema de Metternich, devido a seu principal idealizador, o chanceler da Áustria. Devido a esse acordo inclusive, esse período também foi denominado posteriormente como a “Era de Metternich”.
Este acordo entre essas potências conservadoras pode ser interpretada como sendo uma organização internacional atual como a ONU ou a OTAN, embora com ideais conservadores e reacionários de manter e restaurar o status quo existente até antes da Revolução Francesa, inclusive no intuito de se opor diplomática e militarmente a qualquer tentativa revolucionária de alterar e quebrar novamente essa ordem. Basicamente seu objetivo principal era o de preservar a ordem estabelecida pelo Congresso de Viena, manter a França sob vigilância e conter possíveis movimentos revolucionários, liberais, sociais,