As representações sociais da saúde e da doença.

As representações sociais da saúde e da doença.
Na França, esse problema foi abordado por Claudine Herzlich durante a década de 60, constituindo na análise das representações sociais da saúde e da doença. O estudo foi feito por meio de entrevistas aprofundadas, junto a membros das classes média e alta. A hipótese do autor era mostrar a existência, relativamente às noções de saúde e doença, de conceitos independentes do saber médico. O estudo mostra claramente que a linguagem utilizada para exprimir-se a respeito da saúde e da doença, para interpretar-se suas causas, manifestações e consequências, não é uma linguagem do corpo: é uma linguagem do indivíduo com a sociedade. A doença objetiva uma relação conflituosa com o social. Assim, as pessoas interrogadas elaboram uma teoria causal constituindo uma forma de modelo explicativo da doença. Elas consideram que seu acometimento é devido aos efeitos perniciosos de um “estilo de vida errado”, sendo este entendido como reflexo de uma “sociedade competitiva”. O indivíduo é basicamente saudável e a saúde é basicamente uma responsabilidade pessoal. A oposição saúde-doença é um modo concreto de exprimir o que as pessoas interrogadas percebem haver entre o indivíduo e a sociedade. Reciprocamente, os conceitos de saúde são elaborados de acordo com um registro que vai do puramente orgânico, a saúde concebida como uma simples “ausência de doença”, ao social. Os participantes da pesquisa discorrem longamente sobre sua concepção de saúde como um estado de “equilíbrio”. O conceito da saúde como equilíbrio corresponde exatamente à análise de Canguilhem, para quem a saúde é um conceito normativo que ultrapassa o simples estado orgânico. É sempre em relação a estas noções, em que se exprimem as relações da pessoa com seu meio social, que se define o próprio sentido da experiência doe doente e que se orientarão seus comportamentos. Este combate torna-se o elemento central de sua vida, o equivalente a uma atividade profissional, e base