As representações do corpo, do lazer e da cultura no contexto social
CONTEXTO SOCIAL”
Bethânia Alves Costa Zandomínegue
A noção de cultura
Para iniciar esta reflexão faz-se necessário um breve histórico do conceito de cultura, o qual em vários momentos subsidiará esta discussão.
A palavra cultura, ao longo da história, sempre esteve impregnada de diferentes sentidos e significados. Para compreender o sentido atual deste conceito e seu uso nas ciências sociais, Denis Cuche (2002) propõe a análise da genealogia da palavra cultura, sua origem e evolução.
Partindo da análise da evolução da palavra na língua francesa, da Idade Média ao século XIX, o autor afirma que a sua noção inicial (Séc. XVI) estava ligada ao cultivo da terra, aos aspectos relativos aos campos e ao gado. Segundo o autor, até o
Séc. XVIII a evolução do conteúdo da palavra procede de tal modo que transpassa um sentido figurado (da cultura da terra à cultura do espírito) e posteriormente, a palavra passa a ser utilizada para designar a formação “a educação do espírito”. No século
XVIII, no mesmo contexto, cultura se emprega apenas no singular e se inscreve, então, plenamente, na ideologia do Iluminismo, associada à ideia de progresso, de evolução, de educação, de razão, que estão no centro do pensamento da época.
A partir daí, segundo Cuche, aparece a palavra civilização, muito próxima à noção de cultura. As duas palavras cultura e civilização refletem as mesmas concepções fundamentais e, pelas mesmas razões, civilização está ligada a uma concepção progressista da história, que designa o afinamento dos costumes, o processo que tira o homem da irracionalidade e da ignorância.
Apesar de no contexto francês, as noções de cultura e civilização se evidenciarem num sentido pautado pela ótica do Iluminismo, no contexto alemão aparece um sentido particular para a expressão, surgindo da burguesia intelectual que criticava a aristocracia alemã. Logo, fortaleceram-se na idéia de que “[...] a nobreza