AS RELIGIÕES E AS CULTURAS
Sociólogos entendem que a religião, sobretudo a que pode ser classificada como internalizada (Camargo, 1971), oferece visão de mundo, muda hábitos, inculca valores, enfim, é fonte de orientação da conduta. Antropólogos ensinam que “a cultura constitui um processo pelo qual os homens orientam e dão significado às suas ações através de uma manipulação simbólica que é atributo fundamental de toda prática humana”, nas palavras de Eunice Durham (2004: 231). É comum dar como certo que a religião não somente é parte constitutiva da cultura, mas que ela abastece axiológica e normativamente a cultura. E que a cultura, por sua vez, interfere na religião, reforçando-a ou forçando-a a mudanças e adaptaçõe.
Cultura da América Latina é católica, embora apresente distinções internas que são devidas à formação histórica diferenciada de cada um de seus países e regiões. Assim, a cultura brasileira e algumas outras se distinguem por seu caráter sincrético afro-católico.Nelas, a dimensão religiosa de origem negra ocupa espaço relevante, à frente de elementos indígenas; nos países em que prevalece a religiosidade católica com menor ou ausente referência africana, componentes de origem indígena podem ocupar lugar mais importante que aquele observado no Brasil. Nos dias atuais, com o avanço das igrejas evangélicas e o concomitante declínio do catolicismo, o debate sobre religião e cultura tem proposto questões importantes. Maneiras diversas de conceituar religião e cultura não são encontradas apenas entre cientistas sociais, preocupados com suas teorias e voltados à produção de uma compreensão da realidade social. Também há diferenças profundas na forma como cada religião — através de seus pensadores — entende o que é cultura e explica a si mesma como instituição, produzindo estratégias específicas de se colocar no mundo ou, mais precisamente, no contexto do mercado religioso contemporâneo.
Na cultura