As relações necessárias entre a educação física e as ciências sociais
Desde a década de 70 do século XX as ciências sociais e humanas centraram sua atenção para o fenômeno corporal. Autores como Michel Foucault, Norbert Elias e Pierre Bourdieu têm produzido um rico caudal teórico sobre a construção social do sujeito corporificado, ou em termos bourdieanos sobre o processo de in-corporação de significados sociais. Isto é, o processo através do qual os sujeitos incorporam uma estrutura simbólica que os identifica enquanto sujeitos sociais. Nesse contexto é dada especial atenção pelos mencionados autores à capilarização dos processos de controle social operados pela estrutura de poder dominante, principalmente o estado, e em tempos mais recentes os meios de comunicação de massa. O presente trabalho apresenta um marco de análise que possibilita estabelecer mediações possíveis para a incorporação dessas produções teóricas no campo da Educação Física. O nosso esforço vai no sentido de apontar possíveis caminhos para a Educação Física se constituir enquanto um campo que promova a autonomia dos sujeitos no processo de produção de seu mundo de movimento, superando assim sua função (heterônoma) histórica de subserviente do poder dominante.
As relações necessárias entre a educação física e as ciências sociais
A relação entre a Educação Física e as ciências sociais no âmbito brasileiro não conta com uma longa história. Entendemos que esse quadro têm duas origens, por um lado a tradição heterônoma da Educação Física e sua vinculação às ciências naturais e a interesses políticos burgueses e por outro lado deve-se à própria tradição das ciências sociais pautada fortemente pelo dualismo, e o conseqüente privilégio dos objetos de estudo considerados mais elevados como as produções artísticas, a linguagem, as produções materiais, as organizações parentais, as dimensões macro-econômicas da sociedade, etc. Nesse contexto a dimensão corpórea do ser humano ficou