AS RELAÇÕES ENTRE TRABALHO E SAÚDE EM TEMPOS DE REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA Polivalência, descentralização, otimização dos recursos humanos, desregulamentação dos direitos do trabalho, terceirização e precarização da classe trabalhadora, resultam em níveis relativamente altos de desemprego estrutural e enfraquecimento do sindicalismo de classe. A lógica do mercado de trabalho atual “é reduzir o número de trabalhadores ‘centrais’ e empregar cada vez mais uma força de trabalho que entra facilmente e é demitida sem custos quando as coisas ficam ruins.” (HARVEY, 1993, p.144). Nesse quadro de incertezas e tensões, as pessoas, comumente, estão expostas a um ritmo acelerado, instabilidade e ameaça de desemprego. Tudo isso propicia ambientes bastante competitivos e áridos, gerando um sentimento de desproteção e vulnerabilidade nos trabalhadores. O crescimento do número de pessoas que não reconhecem a esfera profissional como um espaço de realização e uma minoria que esta atuando em funções que permitem envolvimento e identificação, obtem-se como resultado, um grande grupo que se mantém em determinadas organizações apenas por necessidade financeira, medo de não conseguir outro emprego, que, diante de uma oferta melhor, trocariam facilmente de atividade profissional. Torna-se pertinente dizer que o significado do trabalho não e apenas um meio de sobrevivência, mas também possibilidade de ter uma ocupação, de autorrealização, de experiências psicossociais, de se reconhecer como parte integrante de um grupo e de dar sentido a vida. A importância do trabalho, como elemento fundante do ser social, como um dos grandes alicerces da constituição psíquica do sujeito se confirma, sobretudo, na sua ausência. Mesmo desempregadas, as pessoas vivem em um mundo que é regido em termos de tempo de trabalho. A inexistência do tempo alocado, das rotinas e horários estabelecidos, deixa um vazio, gerando desordem. Expressa-se, desta forma, um profundo