as redes sociais e o controle
Para Gilles Deleuze, a sociedade que se configura na contemporaneidade é a de controle. Nela, as instituições de coação social, antes concretas e definidas, tornam-se diluídas e invisíveis, o que dificulta a percepção de seus efeitos, mas não as torna menos poderosas. É nesse contexto que as redes sociais adquirem importante destaque, constituindo-se como um dos mais eficazes instrumentos coercitivos da dinâmica social.
Com o imenso tempo gasto pelos jovens em redes sociais e com a quantidade de informações disponíveis sobre os mais variados assuntos, era de se esperar que o impacto na aprendizagem fosse extremamente positivo. Tal expectativa, no entanto, não se cumpre. As redes digitais criam tendências constantes, modas efêmeras e fugazes, as quais obrigam os internautas a permanecerem em transformação contínua, a fim de manterem-se atualizados. Assim, tornam-se escravos da mudança e se veem impossibilitados de aprender de fato, uma vez que a rapidez com que os temas tornam-se obsoletos impede qualquer forma de aprofundamento.
Ainda, com os moldes em constante transformação e a consequente necessidade de se mostrar atualizado, gera-se efeito agravante ao aprendizado raso e vazio: a necessidade de ostentação. O poder onipresente da sociedade de controle atrelado aos valores máximos atribuídos ao homem contemporâneo – prestígio, informação e “conhecimento” – fomentam o desejo de produção de uma imagem impecável para o público em geral. Assim, o jovem sabe sobre tudo, mas pouco entende. Basta analisar as “Jornadas de Junho” para notar tal fenômeno. À época, as manifestações eram assunto principal em redes sociais, embora discussões verdadeiramente profundas fossem escassas. Hoje, as conversas já voltaram ao novo “Big Brother Brasil” e ao novo “single” do momento. Sabe-se apenas sobre aquilo que agrega valor e prestígio social.
Pode-se concluir, então, que o poder de modulação contínua, inteiramente incorporado ao mundo digital,