As Pupilas Do Senhor Reitor
Análise da obra
As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Dinis, foi primeiro romance português do século, publicado em 1866 em forma de folhetim, e só no ano seguinte apareceria em livro. Seu caráter moralizador e apresenta uma religiosidade que perpassa por todo o romance, também a bondade capaz de chegar a extremos de sacrifício pessoal, são alguns dos fatores que transformaram Julio Diniz em um autor conhecido nacionalmente.
Segundo o próprio autor, numa referência das "Notas", a obra teria sido escrita em 1863, durante a permanência de Júlio Dinis em Ovar (Portugal). A pacata silenciosa cidade do interior e a observação da vida simples das pessoas deste lugar propiciaram o aparecimento desse romance que, algum tempo depois, se tornaria um dos mais famosos em Portugal.
Os capítulos são tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com peripécias e final em suspensão. É um romance repleto de ironias bem humoradas, tornando-o, apesar do moralismo intencional, de leitura mais agradável. Como costuma acontecer com escritores românticos, Júlio Dinis também vê o mundo com as lentes do maniqueísmo. Assim, assenta sua obra em um jogo contínuo de oposições. Entre as principais, destacam-se: A cidade - O campo / A modernidade - A tradição / O desejo - O amor.
Enredo
Uma aldeia portuguesa do século XIX é o cenário ideal para o desenrolar de uma delicada trama: o amor e os desencontros entre as duas meias-irmãs órfãs Clara e Margarida, de personalidades opostas, adotadas pelo Reitor. A obra é ambientada em um cenário simples, povoado por pessoas cuja bondade só é maculada pelo moralismo quase ingênuo de moradoras que se atentam demais a vida alheia, desenrola-se o drama amoroso.
Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário, mas o reitor descobre seu inocente namoro com a pastorinha Margarida (Guida). O pai, José das Dornas,