As provas antropológicas da existência de Deus
Os argumentos que aqui serão apresentados como provas da existência de Deus operam em uma ascensão especulativa que parte do homem para se chegar a Deus, e não do cosmo (provas cosmológicas) ou da ideia de Deus (provas ontológicas).
1. O argumento da “verdade”
A primeira prova que temos é a pela vida da “verdade”, iniciada por Agostinho. Ela se encontra em nós, mas ao mesmo tempo, nos ultrapassa infinitamente; a verdade que habita em nós nos transcende. A partir dessa iniciativa agostiniana, vários pensadores começaram a afirmar podemos reconhecer indícios da realidade de Deus não só pela verdade, mas também por outros fenômenos humanos, como o dever, as valores, a cultura, a autotranscendência, a pessoa, etc..
A verdade está em nós e nos julga, pois transcende e vale por si mesma. Assim, somos levados a nos questionar de onde ela vem? Qual seria sua proveniência? Se não somos nos que a julgamos, ou seu artífice, ela só pode ter vindo de Deus, fonte de onde descendem a ordem e a contingência.
Se há algo mais elevado do que a verdade, então essa coisa é Deus; ma se não há nada de mais nobre, então é a verdade mesma que é Deus. De qualquer modo, não podes negar que Deus existe, e essa é a questão que pretendíamos discutir. (AGOSTINHO, De libero, II, 13, 19)
2. O argumento do “dever”
Partimos da analise que os homens na sua vivência social, de certa forma, esta submisso e obrigado ao dever, ou seja, ao cumprimento de alguns princípios fundamentais e universais que favorecem o bem comum. Exemplos desse deveres são os de não matar, não dizer mentiras, ajudar o próximo, entre outros. Mas, esse dever não é somente para uma boa conduta social, pois se assim fosse poderíamos, com facilidade, nos desfazer dele. Porém, percebemos que ele provém de uma força maior, não parte somente de nós o seu cumprimento.
O dever que acompanha a lei natural é, para o homem, claro indício de submissão, e não se trata da mera submissão