As possibilidades afetivas e criativas para a construção de uma poética em dança, através da observação da expressão corporal dos agentes num estado de exceção.
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A criação em dança Silvia Soter, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, desde 1998, crítica de dança do jornal O Globo, traz em seu texto “A criação em dança”, inicialmente, alguns conceitos sobre criação, referindo-se particularmente a dança, percorrendo um caminho bastante interessante no que diz respeito a nos dar um entendimento do processo criativo. Silvia Soter chama a atenção para a importância do papel da dança, não apenas como o resultado direto de um momento histórico ou de um contexto sociocultural, refletindo as questões gerais de uma determinada época ou ambiente, mas num sentido bem mais abrangente e significativo, sendo capaz de levantar questões e antecipar crises. Isso mostra o quanto a dança está inserida no contexto social do seu tempo, como também é atuante, participando efetivamente das questões sociais, dialogando com uma parcela de seus agentes, contribuindo para a construção de uma consciência crítica, criando melhores condições para enfrentar os desafios do porvir. Esse texto é baseado, principalmente, nos escritos de Laurence Louppe “Poética da dança contemporânea” (1997). Ao continuar falando sobre criação em dança, ela aborda a questão dos métodos de composição, a multiplicidade de caminhos e processos de criação e pontua que, a escolha do caminho a percorrer e os métodos a serem utilizados dependerão de diversos fatores, das quais podemos citar as possibilidades de cada artista, de suas crenças, de suas posturas e das circunstâncias da vida. Para Silvia, “grande parte da cena contemporânea da dança, no contexto profissional brasileiro, o intérprete não tem sido mais visto apenas como alguém que vai executar uma coreografia escrita por outra pessoa. Ele já aparece como um colaborador, alguém que irá nutrir este processo com propostas, inquietações e respostas às provocações e estímulos do coreógrafo ‒ e ele será, enfim, um intérprete-criador. Já presente no momento da seleção dos