AS POLÍTICAS PÚBLICAS E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Sandra Jacqueline Barbosa
INTRODUÇÃO
A trajetória de trabalho na área educacional motivou o estudo desse tema, em busca de determinações para as diversas dificuldades em se estabelecer um sistema de educação pública de qualidade, universal e democrático no país.
A sociedade brasileira nos anos de 1990, acompanhando um movimento internacional, sofreu várias transformações políticas e econômicas; o Estado implementou ajustes em suas políticas públicas, o que não aconteceu sem alterações profundas em suas dimensões sociais, entre elas a educação.
É necessário, então, compreender de que forma e quais os mecanismos dessas políticas e como essas perpetram a escola, para se construir instrumentos de luta em favor de uma escola democrática, mais vinculada aos valores de igualdade na distribuição de bens materiais e culturais.
Como não se pode pensar a escola sem contextualizá-la no funcionamento do mundo capitalista com suas crises, sua lógica de acumulação do lucro e expansão de capital, faz-se necessário analisar a nova configuração do Estado e suas implicações no modo como as políticas públicas em educação são conduzidas. A intenção inicial é de fazer também um paralelo entre as transformações no mundo do trabalho produtivo, e se essas mutações têm acarretado em reflexos no cotidiano da escola, principalmente nas relações de trabalho dos professores1.
Tomou-se nesse texto, como compreensão de política pública, o conceito utilizado por Muller e Surel (1998b) em que o quadro a ser analisado deve ser amplo, as políticas sociais são entendidas além da ação política no sentido institucional, mas igualmente no sentido de participação política2, visto também para além da participação tradicional de militância e voto.
Dito isto, pergunta-se: que tipo de Estado forjou-se nas últimas décadas no Brasil? Pretende-se com isso,
“compreender as lógicas de suas