As policy sciences
REIFICAÇÃO1
Christina W. ANDREWS2
RESUMO: Este artigo discute aspectos metodológicos das policy sciences, tal qual apresentados no livro The policy sciences: recent developments is scope and method, editado por Harold Lasswell e David Lerner em 1951. Adotando a teoria social de Jürgen Habermas como referência teórica, o positivismo metodológico delineado por H. Lasswell e K. Arrow é confrontado com uma metodologia interpretativa mais equilibrada, proposta por Paul Lazarsfeld e
Allen Ba rt on . O a rt igo con clu i qu e, pa rt in do da s du a s possibilida des metodológicas abertas pela constituição das policy sciences como um campo de estudo, foi a abordagem positivista que determinou o caráter dominante deste ramo do conhecimento nos anos seguintes.
PALAVRAS-CHAVE: Política pública. Metodologia. Teoria social.
Introdução
A teoria do conhecimento geralmente não é considerada um tema pertinente ao estudo das políticas públicas. O pressuposto implícito é que se trata apenas da aplicação de métodos já consagrados das Ciências
Sociais em um campo de estudos específicos. No entanto, é justamente no campo das políticas públicas, ou seja, no exercício do poder do Estado, que as implicações dos métodos das Ciências Sociais têm maior impacto: não se trata apenas da questão sobre a acuidade e validade dos estudos científicos, mas sim de refletir sobre seus efeitos objetivos na vida dos
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O presente artigo é uma adaptação do capítulo seis de minha tese de doutorado (ANDREWS, 2003). Este estudo foi desenvolvido com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
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Pesquisadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Democratização e Desenvolvimento Pró-Reitoria de Pesquisa-USP São Paulo-SP 05508-000. E-mail: candrews@usp.br.
Perspectivas, São Paulo, 27: 13-37, 2005
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cidadãos. Portanto, o uso do conhecimento científico nas políticas públicas não pode ser considerado neutro, uma vez que estrutura a política