AS PERDAS NA VIDA DO ADOLESCENTE
Um dos lutos da adolescência é o luto pelos pais. A ideia de enfrentar a separação definitiva dos pais e a aceitação da possível morte deles angustia o adolescente. Levando isso em consideração, uma das tarefas do adolescente é ir se separando dos pais. No entanto, ao contrário do que se pode pensar, não são apenas os filhos que se angustiam com essa separação, a família também enfrenta o luto de aceitar o crescimento como consequência da personalidade que surge nele. No caminho para a sua independência, sentindo-se ora inseguro, ora temeroso, busca o apoio do grupo, que tem importante função, pois facilita o distanciamento dos pais permitindo novas identificações.
No desenvolvimento do ser humano, há períodos mais significativos, que precisam ser vividos para que novas experiências possam acontecer. Não mais brincar de boneca, ter que assumir maiores responsabilidades, perda de uma amizade ou relacionamento, mudar de residência, ser aceito por um grupo, separação dos pais, morte de um animal de estimação, ser expulso da sala de aula, estas são experiências que marcam a passagem para a adolescência. O corpo se transforma, não é mais possível identificar nele as características que tinha faz tão pouco tempo, ao mesmo tempo em que ainda não estão definidas suas novas características. Algo semelhante acontece com as ideias, sonhos e interesses do adolescente.
A morte de um colega, de um amigo íntimo, pelo fato deste ocupar um lugar importante na vida do adolescente, podendo até suprir necessidades de ordem social e emocional negligenciadas pela família, pode ser igualmente desestruturante, principalmente porque perdas de pessoas próximas e parecidas com ele mesmo têm a força de alertá-lo vigorosamente sobre sua vulnerabilidade e mortalidade, na medida em que sua fantasia de imortalidade é questionada, especialmente se essas perdas são repentinas, como