AS PECULARIDADES DO PENSAMENTO POLITICO BRASILEIRO
O capitalismo brasileiro perdeu o impulso de crescimento em 1980. A riqueza nacional duplicou nestes quase trinta anos, mas a população também. Nos últimos e oito anos, no entanto, o Brasil só “explodiu”, politicamente, duas vezes: nasdiretas em
1984 e no fora Collor em 1992.
Nos últimos sete anos, Argentina, Bolívia, Equador, e Venezuela viveram situações revolucionárias, mas o Brasil não, entre outros fatores, no papel dos sindicatos, da CUT, do PT e também de Lula, uma direção que não foi improvisada, à frente da oposição aos ajustes neoliberais realizados na década de noventa.
No Brasil, apesar de uma longa estagnação econômica, e de uma crise social crônica, as duas grandes crises políticas dos últimos trinta anos, em 1984 e 1992, fermentadas pelo choque externo de duas crises mundiais, foram superadas sem maiores sobressaltos: a solução da crise de 1984 deu origem ao regime democrático sem uma ruptura, e a solução da crise de 1992, com a posse do vice-presidente Itamar Franco após o impeachment de Fernando Collor de Melo fortaleceu o regime de dominação.
Quando aconteceu o terceiro choque recessivo da economia internacional, em
2000, o Brasil não foi atingido pela onda de mobilizações revolucionárias que sacudiu a
Argentina, Equador, Bolívia e Venezuela.
Desde 1985, a democracia tem demonstrado uma capacidade elástica de absorver o mal estar político no limite das instituições. O tema parece significativo, se
considerarmos que uma quarta crise mundial já começou nos EUA no segundo semestre de 2007.
Parece uma ironia da história que, quando o capitalismo brasileiro crescia com taxas significativamente elevadas, como nos anos sessenta e setenta, a burguesia recorreu àditadura, acossada pela pressão da mobilização popular, e pela onda