As particularidades da língua falada
A característica mais interessante na linguagem falada é a sua capacidade de se reinventar. Ela não é estática, pelo contrário, é intensa e viva, por isso, repleta de variações: regionais (uma pessoa do Sul e outra do Nordeste possuem, no mínimo, pronúncias diferentes); culturais; contextuais (falo de uma maneira se estou em uma entrevista e de outra, se estou em uma reunião de amigos); profissionais (os difíceis jargões técnicos) e naturais (idade e sexo).
Além de todas essas particularidades, a língua falada ainda é acompanhada pelo tom da voz do emissor, por seus gestos e fisionomias... que, nós, mulheres, sabemos o quanto estes tipos de comunicações (por mímicas, ou como os homens preferem dizer, “transcendentais”) são importantes no contexto de uma frase.
Gosto muito de falar dessa variação da linguagem que ocorre entre as falas das mulheres e a dos homens. As mulheres, geralmente, dão valor ao todo em uma conversa, ou seja, reparam nos gestos que o homem faz, em seu olhar, no tom de voz, etc. Sobra pouco para avaliar o que o homem realmente disse. Nós achamos que sabemos interpretar o que ele quis dizer e não disse! Já o homem, quando pergunta algo à mulher, nem precisa olhar para ela, ele quer saber da resposta. Se ela disse: “- Sim”, mas fez “cara de não”, ele vai entender o “sim”. Não há interpretações. E é daí que saem as faíscas. A “culpa” é da danada da variação lingüística!
Por isso, é fácil afirmar que não existe uma variedade lingüística correta na língua falada. Existe sim, a possibilidade de adequarmos a linguagem às diferentes situações de comunicação a que se relacionam em dado